Coordenadoria de Bibliotecas debate cosmovisões das culturas de pertencimento indígena no Brasil

abril 11, 2019

Na manhã desta quarta-feira (10), no Auditório da Biblioteca Central da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), em Campina Grande, uma mesa de discussão abordou a perspectiva de abordagem acerca da cultura indígena. O evento “Diálogos sobre a representação indígena no Brasil: as cosmovisões das culturas de pertencimento”, promovido pela Coordenadoria do Sistema Integrado de Bibliotecas (SIB) da UEPB, a partir do projeto de extensão “Obra do Mês”, reuniu professores, alunos da pós-graduação e do Ensino Médio para debater sobre o tema.

Segundo Kênia Araújo, diretora da Biblioteca Central, a realização do evento se deu como forma de ampliar as atividades do projeto “Obra do Mês”, que é dar destaque durante 30 dias a uma importante obra da cultura brasileira, integrante do acervo da Biblioteca Átila de Almeida. “A equipe do projeto sugeriu que trabalhássemos a questão da história indígena neste mês. O livro escolhido foi o ‘Indiologia’, de Angyone Costa, que é uma obra muito rica e que aborda várias questões relacionadas à cultura indígena. Com essa mesa de debate, nós esperamos ampliar essa discussão e também convidar as pessoas para conhecer mais do nosso acervo, que pode ser utilizado em várias pesquisas”, explicou.

 

Uma das integrantes da mesa, a professora Luíra Freire Monteiro, da UEPB, destacou a necessidade de reproblematizar várias questões que se tornaram narrativas persentes no ensino de História sobre a temática indígena. Segundo ela, a perspectiva historiográfica tem mostrado contextos onde a figura do índio não pode ser reduzida apenas a uma personalidade, mas sim como um sujeito histórico. “Hoje, com as novas tendências historiográficas, já percebemos uma atuação mais ativa do índio no processo colonial”, destacou a professora. Também participaram da mesa os professores Flávio Carreira de Santana e Juciente Ricarte.

Presidente da Organização dos Professores Indígenas Potiguara (OPIP), Sônia Potiguara, bem como o professor, Pedro Potiguara, apresentaram várias questões relevantes sobre a abordagem das cosmovisões da cultura indígena. Sônia, professora de uma escola da Aldeia São Francisco, ressaltou a necessidade de discussão sobre os direitos dos índios em relação não apenas à terra, mas também ao acesso à saúde e, principalmente, à educação. Segundo ela, este mês de abril, que canaliza as comemorações do Dia do Índio, serve para reforçar a união dos povos ao longo de todo o ano, e não apenas em 19 de abril.

“Nós trabalhamos nas escolas, ao longo de todo o ano, a conscientização da cultura indígena, para que possamos mostrar para toda a sociedade que nós lutamos por nossos direitos. O Código Civil de 1916 diz que o índio é incapaz. Mas nós temos provado que não somos incapazes. Temos um número cada vez maior de índios nas universidades e temos lutado por nossos direitos que são garantidos pela Constituição Federal de 1988”, afirmou Sônia Potiguara.

Texto: Givaldo Cavalcanti
Fotos: Paizinha Lemos e Thayse Araújo (Estagiária)